Vivemos numa sociedade marcada por desigualdades sociais,
pluralidade étnica, diversidades culturais. Recife e seu entorno pulsam este mosaico
humano e este pulsar impõe objetivamente espaços e dinâmicas sociais de
integração, miscigenação, sincretismo, mas também de conflito, o que leva à
necessária, saudável e desejável resistência das identidades matrizes, como
forma inclusive de combater a inaceitável opressão, como a intolerância
religiosa que vivemos nestes dias. O povo negro do Recife e da região
geográfica que lhe entorna construiu ao longo dos últimos 13 anos um
espaço/território de resistência e defesa de sua cultura, seus modos e
religiosidade: a Terça Negra.
A Terça Negra surgiu ainda durante a gestão de do ex-prefeito
Roberto Magalhães, como iniciativa positiva do MNU – Movimento Negro Unificado.
Buscávamos à época, com esta iniciativa, dar vazão à ideia de ocupação de
território, de visibilidade social, de rompimento com nossa segregação nos
guetos dos subúrbios e periferias. Buscávamos ocupar “o centro”, trazer nossos
sons, nossas vestes, nossa espiritualidade, para o centro das atenções da
cidade. A cultura e a religiosidade do povo afrodescendente não poderiam mais
se submeter ao estigma do exótico e do escondido. Neste sentido, nós, que
fazemos a movimentação do povo negro e suas expressões em Recife e região,
fomos vitoriosos. As Terças Negras, ao longo de mais de 10 anos, popularizaram
ainda mais as expressões culturais e religiosas do povo negro e romperam
preconceitos.
Contudo, ao longo desses anos, a organização das Terças Negras
permitiu a captura deste território cultural, geográfico e imaginário pela
gestão municipal, o que levou à degeneração crescente deste espaço em relação à
sua missão original. De território de resistência e afirmação da cultura afrodescendente
– e também indígena no transcorrer da trajetória, passou a configurar-se como
espaço com forte e prioritário conteúdo de entretenimento e esvaziado de
conteúdo histórico e transformador. Do desprezo à organização do evento com a
dignidade que o povo negro e os grupos culturais e religiosos merecem – sem um
orçamento minimamente suficiente e permanente para tal, a gestão da prefeitura
simplesmente permitiu o aniquilamento das Terças Negras, concluindo com seu
total abandono, situação que contrasta com o patrocínio pomposo para artistas
como Sandy & Junior, Fat Boy Slim, Paul McCartney, Escola de Samba do Rio
de Janeiro e tantos outros que levam da prefeitura gordos cachês enquanto os
grupos culturais a artistas locais amargam trabalhar como se fossem voluntários
da cultura popular.
A Terça negra hoje está inexistente, acabou. A Prefeitura, sob a
gestão do prefeito João da Costa (PT), num ato de desrespeito e desprezo com o
povo negro, sequer teve a dignidade de informar o seu fim. Mas a Terça Negra
não pertence à gestão municipal e nem a supostos movimentos que com esta gestão
se enfronham e se confundem. A Terça Negra é território popular, patrimônio
cultural, direito adquirido, espaço de expressão de um povo, manifestação de
uma identidade. Vamos resistir!
QUEM SOMOS?
Somos um movimento independente de pessoas como você, que podem ou não fazer parte de algum movimento, mas desejam a reconstrução deste espaço que, para além do lazer, deve mostrar nossa cultura e religiosidade, passando conhecimento, desfazendo preconceitos, construindo pontes de respeito à diversidade do nosso povo e buscando gerar renda e sustentabilidade com dignidade para a nossa população.
QUEM SOMOS?
Somos um movimento independente de pessoas como você, que podem ou não fazer parte de algum movimento, mas desejam a reconstrução deste espaço que, para além do lazer, deve mostrar nossa cultura e religiosidade, passando conhecimento, desfazendo preconceitos, construindo pontes de respeito à diversidade do nosso povo e buscando gerar renda e sustentabilidade com dignidade para a nossa população.
O QUE QUEREMOS?
Queremos resistir na defesa de nossa identidade. De acordo com a Constituição de 1988 - Título VIII, Cap. III Seção II, Art. 215 – consta: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.” E ainda em seu § 1º: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.” Queremos com nossa resistência exigir da nova gestão da prefeitura do Recife o atendimento destas demandas. Ao mesmo tempo, não queremos ser vítimas do processo de higienização social que se vislumbra na cidade, com a nossa polis sendo preparada para a Copa do Mundo numa lógica segregacionista. Queremos ser vistos, entendidos, aceitos e compreendidos como parte indissociável desta cidade e deste estado, com direito inclusive a participar economicamente das riquezas produzidas e/ou que circulam na sociedade.
Queremos resistir na defesa de nossa identidade. De acordo com a Constituição de 1988 - Título VIII, Cap. III Seção II, Art. 215 – consta: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.” E ainda em seu § 1º: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.” Queremos com nossa resistência exigir da nova gestão da prefeitura do Recife o atendimento destas demandas. Ao mesmo tempo, não queremos ser vítimas do processo de higienização social que se vislumbra na cidade, com a nossa polis sendo preparada para a Copa do Mundo numa lógica segregacionista. Queremos ser vistos, entendidos, aceitos e compreendidos como parte indissociável desta cidade e deste estado, com direito inclusive a participar economicamente das riquezas produzidas e/ou que circulam na sociedade.
COMO CONQUISTAREMOS?
Através da nossa força que se mostrará a partir de nossa união! Estamos nos reunindo todas as terças de outubro, sempre às 19 horas, no Pátio de S. Pedro. Através destas reuniões abertas foram deliberadas ações em prol da realização das Terças da Resistência Negra no mês de novembro, mês da Consciência Negra, com a finalidade de fazer com que nossa voz ecoe na sociedade e funcione como abre alas para um processo de diálogo respeitoso e produtivo com a nova gestão municipal que se inicia em 2013, com o objetivo de reconstruir a Terça da Resistência Negra, mas em novas e melhores bases.
Através da nossa força que se mostrará a partir de nossa união! Estamos nos reunindo todas as terças de outubro, sempre às 19 horas, no Pátio de S. Pedro. Através destas reuniões abertas foram deliberadas ações em prol da realização das Terças da Resistência Negra no mês de novembro, mês da Consciência Negra, com a finalidade de fazer com que nossa voz ecoe na sociedade e funcione como abre alas para um processo de diálogo respeitoso e produtivo com a nova gestão municipal que se inicia em 2013, com o objetivo de reconstruir a Terça da Resistência Negra, mas em novas e melhores bases.
Recife, 23 de outubro de 2012.
Pessoas que estão assumindo maiores responsabilidades nesta
construção (por ordem alfabética):
Amauri Cunha – locutor/apresentador oficial da Terça Negra
Demir – Favela Reggae
Edilson Silva – Mandato Cidadão / PSOL
Edjelma Arantes
Márcio Rastaman – Côco Verde e Melancia
Mary Anne Nogueira Lima – Cedeespe
Wilson Maraca – Maracatu Rosa Vermelha
Todos estes contatos estão no Facebook e se comunicando também
via Página Terça Negra no Facebook.